“Tá lá o corpo estendido no chão
Em vez de rosto, uma foto de um gol
Em vez de reza, uma praga de alguém
E um silêncio servindo de amém”
Trecho de “De Frente pro Crime”, João Bosco e Aldir Blanc
Tá lá o corpo encolhido no meio do caminho.
Eu mesmo fiz a foto. Tentei seguir os profissionais, que pescam no acaso a fina composição da imagem. O cenário de fundo é um caminhão enfeitado com a palavra BRASIL, em maiúsculas. O enquadramento preserva o BRASIL, a pessoa e a paisagem.
Esta é a primeira cena que vejo ao pisar na calçada. Manhã gelada e o corpo imóvel em sono ou sonho profundo. A imagem diz mais, o piso irregular em seu geométrico desenho paulista, a coberta colorida, o papelão dobrado qual colchão, o dia que já começou. Impossível não tentar adivinhar quem se protege sob a combinação de lilás, rosa e branco.
Olhe de novo a foto e observe que igual “gato-escondido-com-rabo-de-fora” surge um cobertor colorido, proteção e forro da cama de pedra.
Jovem, velho; preto, branca? Quem e como será esse........