- É com H e Y.
- Não entendi.
- Hygor, com H primeiro, e depois Y, o resto você sabe.
- Diferente, né?
- Meu pai quis com H e minha mãe, pra não ficar pra trás, lascou o Y. Estou dizendo o meu nome para o senhor anotar o contato: é Hygor Sapateiro.
- ...(Digito no meu celular)
- Aí quando eu te ligar, o número já aparece identificado.
O jovem sapateiro me conta que quando ele, ou a mãe, liga para avisar o cliente que o salto está trocado ou a sola renovada, a ligação não é atendida porque o número é desconhecido.
Medo de golpe, preguiça de ouvir ofertas desinteressantes, risco de clonagem, seja lá o que for ninguém atende mais os telefonemas. Mesmo amigo, filha e namorada respondem com uma econômica mensagem de texto: “reunião”, “chamo depois”, “OCUPADA”.
Se a ligação partir de telefone fixo, como o da sapataria de Hygor e da mãe, a dona Yoná, a rejeição aumenta.
Não era assim. Há algumas décadas, no Rio de Janeiro, ter um conhecido na Telerj, ou mesmo na concorrente, a Cetel, significava prestígio. Linha telefônica era disputa de........