Edna e Toninho. Uma não ia com a cara do outro e vice-versa.
Ela, síndica, sem filhos, com mais de 50, funcionária pública. Ele, pré-adolescente, levado, ardiloso.
A chuva forte daquela quarta-feira piorou o que já não ia bem. Em Vila Isabel, na zona norte carioca, as obras para conter enchentes produziram pequenas montanhas de terra, que com o temporal viraram pântano denso e fedorento. O menino Toninho e sua turma começaram uma guerra de lama. Era assim nos anos 1970, brincava-se descalço na rua com sol ou trovoada.
Vizinho à barrenta batalha está o edifício Silmara, onde a síndica, o menino e o grupo de bagunceiros moram. Altíssimo em seus quatro andares, o prédio se destaca na rua sossegada de casas e vilas.
A síndica Edna é puro orgulho e vaidade porque acaba de terminar a obra na portaria. Depois de sofrido rateio entre os 67 apartamentos está tudo pronto. Pintura, sofás, tapete, espelho novo, “um brinco”, ela repete em infinitas vistorias. Ao ver a farra da garotada, Edna entra em pânico. “Esses demônios vão emporcalhar a portaria e as paredes do prédio.”
A síndica vai ao apartamento da família do........