Casa cinza – Por Luis Cosme Pinto

As leitoras e os leitores mais atentos lembram do assunto da última crônica: a especulação imobiliária, gananciosa, apressada e demolidora.

É o bota-abaixo de casas e lojas mais antigas para a construção de prédios enormes e seus apertadíssimos apartamentos. Com quase quarenta anos de São Paulo, nunca vi nada igual.

A casa verde da Vila Buarque, perto do centro, parecia a próxima vítima. Parecia e foi, mas não da maneira que imaginávamos: destruída a golpes de máquinas até virar entulho.

Já conto o que aconteceu e te peço um pouco de paciência para dar mais detalhes da casa de dois andares, janelas largas e sua gente.

Ela foi loja na frente e nos fundos era pensão. Endereço de 8 pessoas.

Juntos, eles usavam a lavanderia, a cozinha, viam TV. Quase todos dormiam em quartos duplos, em média pagavam 600 reais por mês.

A maioria trabalha. Otávio é cozinheiro na padaria da rua de trás. Dona Lola é funcionária de........

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