Brasa apagada – Por Luis Cosme Pinto

Tinha jeito de ser apenas promessa de fim de ano, que nada, foi pra valer. Amigas, colegas e conhecidos apagaram o cigarro em dezembro de 2023 e não acenderam mais. Podem bater no peito e nos pulmões: são ex-fumantes.

Pra todos eles renascem olfato, paladar, fôlego e diminuem as chances de muitos tipos de câncer. Sem imprevistos, vão viver mais e melhor.

Lembro do meu primeiro maço e não esqueço do último. A eles.

No dia de meu aniversário de 15 anos entrei no boteco da dona Isaura. Fui na dobradinha de Hollywood com Caracu. Voltei pra casa um pouco tonto e me sentindo adulto.

15 anos depois, ali por 1991, jogava fora meus últimos cigarros. Arremessei um Carlton quase cheio para o outro lado da rua. Minha namorada na época, mais viciada que eu, ficou furiosa. Levantou da mesa do bar, atravessou a rua como se fosse salvar um bebê afogado, pegou o maço e soltou o esculacho.

“Por que parar assim, com o maço cheio, como você é radical.”

Acredite, naquela época quem parava de fumar era radical.

Ela acendeu mais um e jogou com raiva na mesa do bar o maço que eu pensara ter me livrado.

- Sabe quantos cruzeiros (essa era a moeda) custa um desses?........

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