Execuções na Cisjordânia expõem escalada da violência israelense
Neste sábado (20/12), forças israelenses assassinaram dois palestinos na província de Jenin, na Cisjordânia ocupada. Imagens gravadas por uma câmera de segurança mostram os soldados atirando à queima-roupa contra o adolescente Rayyan Abdel Qader, de 16 anos, após invadirem a cidade de Qabatiya. Testemunhas afirmam ainda que as tropas de Israel abriram fogo contra ele e impediram que equipes de emergência chegassem até o jovem, deixando-o sangrar até a morte. Depois, retiveram o seu corpo.
A outra vítima foi Ahmad Zayoud, de 22 anos, morto em Silat al-Harithiya, a oeste de Jenin. Na mesma cidade, apenas uma semana antes, Mohammad Eyad Mohammad Abahra, de 16 anos, foi assassinado a tiros por forças israelenses. O episódio também foi gravado por câmeras de segurança, que flagraram o adolescente saindo de um beco e caminhando pela via lateral em direção à rua principal. Quando estava a cerca de dois metros da via, soldados saíram de trás de um muro e o alvejaram.
“Soldados israelenses continuam a atacar crianças com força letal sem serem responsabilizados, porque os líderes mundiais permitem que ajam sem consequências”, disse, na ocasião, o diretor do programa de responsabilização do Defense for Children International (DCIP), Ayed Abu Eqtaish. As duas mortes elevam o número de vítimas dos ataques israelenses na Cisjordânia ocupada para 1.101, incluindo 229 crianças, desde 7 de outubro de 2023, quando começou o genocídio em Gaza. Os ataques de colonos israelenses também aumentaram, com a omissão e/ou cumplicidade das forças israelenses e, no domingo (21), o governo de Israel aprovou a construção de 19 novos assentamentos na Cisjordânia ocupada, em uma evidente violação do direito internacional.
Em artigo publicado no The Conversation, o professor da Escola de Criminologia e Estudos de Justiça da Universidade de Massachusetts Lowell, nos Estados Unidos, Arie Perliger, alertava para a escalada de violência na Cisjordânia, destacando que outubro de 2025 foi o pior mês em termos de episódios violentos por parte dos colonos israelenses desde que começaram a ser registrados os incidentes em 2006.
“Como pesquisador que estuda grupos extremistas israelenses há mais de duas décadas, defendo que a escalada dramática da violência dos colonos na Cisjordânia revela uma profunda transformação nas instituições estatais de Israel. Em vez de atuarem como supostos agentes neutros da lei e da ordem, as forças armadas, a polícia israelense e o aparato governamental em geral têm se alinhado cada vez mais com — e, por vezes, se tornado diretamente cúmplices de — ações violentas de colonos contra palestinos”, pontua Perliger.
Para ele, a relutância institucional em lidar com a violência dos colonos não é meramente uma falha na aplicação da lei por parte do Estado de Israel, mas “resultado deliberado de profundas mudanças sociais, políticas e culturais que remodelaram a sociedade israelense desde pelo menos meados da década de 1990”.
O pesquisador concedeu uma entrevista ao Outras Palavras, por e-mail, sobre a atual situação e as perspectivas futuras para a região e para os palestinos que estão na Cisjordânia. Confira abaixo.
Você argumenta que a transformação das instituições israelenses, que culminou na........© Revista Fórum





















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