No dia 30 de janeiro de 2022 as eleições deram uma inesperada maioria absoluta ao PS, fenómeno raro no regime eleitoral que entre nós foi adotado. Esperava-se um período de estabilidade governamental, mas foi o contrário que aconteceu. António Costa chefiou o executivo desde 2015, mas enfrentou mais instabilidade no governo de maioria absoluta do que nos seus dois anteriores governos, de 2015 a 2019 e de 2019 a 2022.

Ao longo do ano que está prestes a acabar o governo de A. Costa continuou envolvido numa interminável série de “casos e casinhos”. Mas em novembro passado A. Costa demitiu-se, na sequência da abertura de um inquérito pelo Supremo Tribunal de Justiça. Daí novas eleições, a 10 de março próximo.

O Estado atravessou 2023 sem crises de confiança externa na sua capacidade de pagar a dívida pública, que começou a reduzir. Mas o crescimento da economia foi modesto. A pobreza não recuou e o número dos sem-abrigo aumentou.

Vários setores encontram-se em crise, mas talvez nenhum em situação tão preocupante como a saúde. O número de famílias sem médico subiu, os problemas nas urgências hospitalares não diminuíram (obrigando os doentes a longuíssimas horas de espera), o Serviço Nacional de Saúde sobrevive “preso por arames”, o que é dramático para quem não tem dinheiro para procurar ajuda nos privados.

Regista-se uma quebra de confiança nas instituições, que afetou até o Presidente da República. E mais um ano passou sem que o poder político tenha tomado uma decisão sobre onde construir o novo aeroporto de Lisboa.

A perspetiva para 2024 é de uma provável instabilidade política, pois não haverá certamente uma nova maioria absoluta. O país político deveria habituar-se a coligações governamentais, como acontece noutros países europeus, mas tudo indica que não será para já.

Nos cinquenta anos do 25 de Abril é imperativo salvaguardar a democracia. Regressar à ditadura não é uma perspetiva aceitável, mesmo para os que não viveram no antigo regime.

Instabilidade governamental em 2023

Instabilidade governamental em 2023

No dia 30 de janeiro de 2022 as eleições deram uma inesperada maioria absoluta ao PS, fenómeno raro no regime eleitoral que entre nós foi adotado. Esperava-se um período de estabilidade governamental, mas foi o contrário que aconteceu. António Costa chefiou o executivo desde 2015, mas enfrentou mais instabilidade no governo de maioria absoluta do que nos seus dois anteriores governos, de 2015 a 2019 e de 2019 a 2022.

Ao longo do ano que está prestes a acabar o governo de A. Costa continuou envolvido........

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