Os resultados eleitorais do último domingo, com os dois principais partidos (neste caso uma coligação, a AD, e um partido, o PS) separados por apenas 51.029 votos, puseram o país político a falar, não sobre ingovernabilidade, mas sobre entendimentos. Foi uma forma positiva de abordar o problema complexo que o futuro governo terá em mãos nos próximos anos.

A ideia de entendimento, obviamente, difere de partido para partido e de eleitor para eleitor, confirmando a beleza da democracia e da pluralidade.

O Livre continua a defender uma nova "geringonça", mesmo que isso implique ir outra vez a eleições.

O Bloco assume que fará parte de qualquer solução que afaste a direita do Governo.

Politólogos puseram em cima da mesa a hipótese de um bloco central.

No PS, Augusto Santos Silva quis vir a público apelar ao sentido de responsabilidade de todos e sugerir que PS e PSD devem entender-se, apesar de tudo, em questões essenciais, como é o caso da justiça.

O PAN fechou a porta a negociações (ou mesmo orçamentos) que ponham em causa o que foi conquistado até aqui — o que, para bom entendedor, basta.

Do lado do PPM, o desejo expressado por Gonçalo da Câmara Pereira foi noutro sentido: que os partidos da AD venham a governar em diálogo com a direita populista radical.

Os sociais-democratas, curiosamente, pouco dizem sobre os entendimentos concretos que procurarão fazer. Os seus dias, desde domingo, têm sido gastos a fazer cálculos e a responder a André Ventura, a várias vozes, para garantir que PSD e Chega "não governarão juntos" (como disse António Leitão Amaro), que "há matérias em que o PSD não é pressionável" e que Ventura "não integrará" nenhum governo (Paula Teixeira da Cruz), ou para reiterar a posição de princípio de não fazer coligação ou negociar apoio parlamentar com o Chega (como defendeu Paulo Rangel).

Como também disse Rangel, “a AD ganhou eleições e tem responsabilidades. O país não pode ficar sem Governo". Isso é igual a dizer que ninguém está obrigado verdadeiramente a nada, mas todos têm responsabilidades para assumir e cada um sabe o caminho que quer trilhar e os negócios que a sua consciência lhe permite fazer.

É uma postura muito diferente da intimidação feita pelo líder do terceiro partido mais votado quando avisou, em entrevista: "Se não houver nenhuma negociação, isso é humilhar o Chega. E, então, eu votarei contra o Orçamento.”

Entendimentos, sejam à esquerda, à direita ou ao centro, são diálogo. E não podem começar com ameaças.

Entendimentos são diálogo, não são ameaças

Entendimentos são diálogo, não são ameaças

Os resultados eleitorais do último domingo, com os dois principais partidos (neste caso uma coligação, a AD, e um partido, o PS) separados por apenas 51.029 votos, puseram o país político a falar, não sobre ingovernabilidade, mas sobre entendimentos. Foi uma forma positiva de abordar o problema complexo que o futuro governo terá em mãos nos próximos anos.

A ideia de entendimento, obviamente, difere de partido para partido e de eleitor para eleitor, confirmando a beleza da democracia e da pluralidade.

O Livre continua a defender uma nova "geringonça", mesmo que isso implique ir outra vez a eleições.

O Bloco assume que fará........

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