“Querida, o que é que eu digo?”
Ontem, numa farmácia, um senhor adulto e presumivelmente autónomo não conseguiu responder a perguntas básicas da farmacêutica sem recorrer à esposa por telefone. Não uma, mas duas vezes. Este episódio, tão trivial quanto recorrente, é o reflexo de um padrão cultural que a sociedade insiste em ignorar: a dependência masculina na gestão do quotidiano, que sobrecarrega as mulheres e perpetua papéis de género profundamente enraizados. É um ciclo alimentado pela cultura, mas também por uma poderosa aliada: a indústria do marketing.
Apesar de décadas de luta por igualdade de género, a realidade persiste. Muitos homens delegam às mulheres decisões que vão desde a gestão da casa até questões simples, como a escolha de um medicamento. Este comportamento, frequentemente disfarçado de distracção ou falta de jeito, é na verdade um comodismo enraizado: homens que se habituaram a que alguém decida por eles. Enquanto isso, as mulheres, já sobrecarregadas, tornam-se gestoras invisíveis de tudo o que envolve a vida familiar e prática.
Essa dinâmica cria uma........
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