Capitão! meu capitão!
o plano, os dignos valores,
a esperançosa missão,
o comando de uma voz,
o entusiasmo veloz
na audácia dos motores;
o peito ilustre irrompendo
pelos caminhos vitais.

As gentes despovoadas,
ventres presos ao destino,
saem à rua, a terreiro.
Alvoroçadas vontades
formam largo pátio em festa,
para pôr mão em tal feito
e usufruir da coragem,
num desplante de vigor.

Não quisemos ficar sós
na multidão da cidade,
ou desastrados em nós
contra uma escassa verdade;
ou submissos ao mais alto
interesse do império,
ou prófugos que a salto
se furtam ao cemitério.

Arma-se o tempo hostil.
A bandeira da nação
feita um verde de inveja
e um rubro de ingratidão.
A injustiça emboscada,
irresolutas vontades,
educação demitida;
(ao menos) em liberdade
vamos dizimando a vida.

Jorge Vaz de Carvalho. Músico, escritor e professor universitário, com multifacetado percurso no panorama cultural, a sua obra literária inclui poesia (A Lenta Rendição da Luz e Todos os Caminhos), ficção, ensaio (Ensaios de Sena) e tradução (Dante, Castiglione, Vico, Eco, Blake, Austen, Woolf, Joyce).

Capitão! meu capitão!

Capitão! meu capitão!

Capitão! meu capitão!
o plano, os dignos valores,
a esperançosa missão,
o comando de uma voz,
o entusiasmo veloz
na audácia dos motores;
o peito ilustre irrompendo
pelos caminhos vitais.

As gentes despovoadas,
ventres presos ao destino,
saem à rua, a........

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