Portugal antes dos cravos

Só os portugueses e as portuguesas com mais ou menos 15 anos no dia 25 de Abril de 1974, hoje a rondarem os 65, podem ter memória crítica de algumas particularidades dos últimos estertores do Estado Novo, que viram cair. Assim sendo, torna-se evidente que a grande maioria dos nossos adultos no activo pouco ou nada sabem de um regime que nos privou de todas as formas de liberdade, torturou muitos de nós, durante quase meio século e que caiu de podre no dia em que os cravos floresceram nas espingardas dos soldados.

É evidente que há excepções. Basta pensar no grande número de livros, dissertações, escritos diversos e outros trabalhos, da autoria de historiadores e outros estudiosos. Mas, também é evidente que o número destes portugueses, representa “uma gota de água” num universo de milhões, a quem a escola, do pós-25 de Abril, deu diplomas, mas não deu cultura.

Durante a minha infância e primeira adolescência, um lapso de tempo em que, como é natural, me não dei conta dos problemas sociais e políticos, viveu-se o tempo da chamada “regeneração nacional”, que abriu portas a um tempo de Ditadura Militar. Na sequência do caos que se instalara no país, com a política partidária e o jogo do parlamentarismo, da I República, e encarnando um regime antiparlamentar e progressivamente mais autoritário, passou-se, em pouco tempo, a uma “Ditadura Nacional”, num claro desafio ao parlamentarismo democrático.

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