Carreira de Administração Hospitalar: A força da coerência

Nas horas mais negras, a única coisa que nos resta é agarrarmo-nos aos princípios e aos valores. Bem sei que vivemos numa era profundamente moldada por uma lógica utilitarista — onde o que conta é o imediato, o que dá retorno rápido, o que se mede em gráficos de curto prazo. Mas acredito que isso não pode sobrepor-se à dignidade. Seja a dignidade de uma pessoa ou de uma profissão. Acredito, aliás, que essa visão utilitarista é frequentemente míope: foca-se no imediato e despreza os efeitos a longo prazo — sobre as instituições, sobre as relações entre as pessoas e, no fundo, sobre a argamassa de valores que nos prende a todos na mesma sociedade.

A história dá-nos exemplos de quão frutuoso pode ser esse foco no respeito pela dignidade de quem nos rodeia. Muitos conhecem a história de Winston Churchill. Nos dias tensos que antecederam a evacuação de Dunquerque, Churchill enfrentou uma pressão avassaladora para negociar um acordo de paz com Hitler, mediado por Mussolini. Muitos no seu próprio governo viam essa opção como inevitável. A derrota parecia certa. Mas Churchill recusou. Recusou não por calculismo ou fé irracional na vitória — mas porque compreendia que há momentos em que a dignidade de uma nação não pode ser hipotecada à lógica da conveniência. Acreditava, acima de tudo, que........

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