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Email Aberto a Marcelo

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13.01.2025

Escrevo-lhe hoje, Presidente Marcelo, com o intuito de lhe dar uma pequena perspectiva do seu legado como Presidente da República Portuguesa. Visto ser um email, tentarei ser breve. Senti o impulso de o escrever depois de um passeio que dei pela Baixa de Lisboa na tarde da véspera de Natal. Passava pela Rua Garrett, quando notei um presépio. Fechado a grade, ladeado de cadeados, sem iluminação. Na véspera de Natal um país de matriz Cristã, nem consegue ter um presépio iluminado numa zona proeminente. Continuando a descida, vejo que a rua Augusta foi convertida numa feira ambulante onde nada vendido tem qualquer conexão com Portugal. Que turismo teremos, quando Lisboa se tornar exatamente o mesmo que qualquer outra cidade Europeia? O turismo advém da particularidade de um local, não da sua multiculturalidade.

Passei na minha adolescência tempos felizes entre a Baixa de Lisboa e Almada. Paragem rápida pela Igreja de S. Nicolau (a Igreja mais bonita de Lisboa), fumava um pau de canela (tinha 16 anos) entre amigos e conversas embaraçosas de adolescente. Apanhava depois o barco para Cacilhas. Sem medos. Quanto tiver filhas e filhos quero que tenham a oportunidade de desfrutar da Lisboa, Almada e Caparica em que cresci. Por muito que goste de Inverness, prefiro que cresçam com sol e caldo verde do que com haggis e ventos do mar do Norte. Que aproveitem as tardes para passear por Lisboa, em segurança, sem medo de gangues, drogas e violência. Possam apanhar o cacilheiro em paz e sossego, e entrar numa Almada viva e entusiasmante. Não serem números nalguma folha de cálculo do Governo, prontas a ser exportadas para o mundo. Custa ver as ruas de Almada, a minha primeira morada, maltratadas e ao abandono. Ver a Igreja onde fui baptizado cada vez mais vazia. E continuamos a falar de acolher, enquanto tudo........

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