Dizer amém ao comunismo
Quando tinha 17 anos achava-me comunista. Orgulhava-me em dizê-lo. A minha avó Paula tinha um companheiro que era mesmo militante e recordo-me de visitar a família, lá na Marinha Grande, e envaidecer-me da luta operária na qual uns quantos dos meus se tinham envolvido ao longo de décadas. Agradava-me ser conta o sistema e o ambiente do punk/hardcore onde me tinha metido ajudava. Como era também um jovem evangélico, as letras da minha banda misturavam religião com uma linguagem à PSR (o Bloco de esquerda ainda estava para nascer). A minha vida era uma tentativa de baptizar os “Rage Against The Machine”.
A primeira vez que votei foi CDU. Eram umas autárquicas e na Amadora ainda prevalecia aquele cliché de que os comunistas nas câmaras eram uma aposta segura. Curiosamente, e de acordo com a minha memória, os comunistas perderam nesse ano para o PS. Pouco tempo depois entrei na Universidade, na FCSH da Avenida de Berna, e num ambiente muito à esquerda sentia-me no lugar certo. Não nego, no entanto, que foi uma questão marxista que me fez começar a ganhar uma certa antipatia pelos marxistas lá: sentia que o facto de vir........
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