Entre a identidade e a inclusão: os desafios
Enquanto docente numa escola secundária e vice-presidente de uma associação que trabalha em projetos de desenvolvimento social acredito que o papel central da escola é proporcionar aos alunos o desenvolvimento de competências científicas e sociais. Contudo, observo que algumas escolas portuguesas, nomeadamente as que recebem alunos muçulmanos, estão a lidar com dois desafios complexos que, claramente, não deviam ser a sua missão primordial: o pedido de alguns estudantes de espaços específicos para oração e o uso de máscaras cirúrgicas pretas, por algumas alunas muçulmanas, que combinado com o hijab cobrem grande parte do rosto.
A falta de orientações claras deixa as escolas num impasse. As reuniões de professores onde se discutem estes temas são prolongadas e inconclusivas. Alguns professores defendem a cedência de espaços para oração alegando a liberdade religiosa e cultural, frequentemente comparando a situação à simbologia associada ao Natal nas escolas como aceitação cultural. Outros discordam argumentando que num estado laico não deve ser disponibilizado espaço para culto de qualquer religião. Sem diretrizes concretas os (as) assistentes operacionais “bem à maneira portuguesa” tentam improvisar soluções. Contudo, os espaços sugeridos não são, algumas vezes, aceites por estes estudantes, por não terem janelas ou por não permitirem a orientação certa.
A divisão entre as instituições públicas e a religião é um princípio fundamental. Num estado laico, como Portugal, faz sentido que as escolas públicas disponibilizem espaços para a prática religiosa?
Por um........
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