O que ordenou o povo
Pelo que tenho lido e ouvido, parece que é o povo que tem de se adaptar ao sistema, em vez do sistema ao povo.
A AD tem mais votos que a esquerda toda junta. Toda. Subiu em 90% dos concelhos.
O PS, depois da sua experiência corbynista, passou a terceira força política nacional e desceu a votação em todos os concelhos portugueses, exceto num. O Chega só não subiu em sete. A IL teve 5,53%.
Mas o porta-voz do Livre, Rui Tavares, 4.2%, não reconhece ao centro-direita e à direita eleitos pelo povo português legitimidade para mudar a Constituição. Já ele, do alto dos seus seis deputados, pode mudá-la sozinho e, em vez de uma maioria de dois terços prevista, exigir três quartos da Assembleia da República para a rever.
A ainda líder do Bloco de Esquerda, 1%, pediu a união da esquerda para evitar uma revisão constitucional. Com que votos Mariana?
A esquerda tem muitos potenciais Venturas.
Manuel Alegre diz que não pode haver uma revisão da Constituição que deixe de fora o PS. Parece que quando a direita tem o poder para o fazer há “subversão do regime”.
Tavares, que fala como se achasse que os portugueses são um bando de analfabetos, também inventou a teoria dos três grupos: grupo um, toda a esquerda; grupo dois, a direita democrática; e grupo três, a direita antidemocrática, porque a esquerda é toda democrática. O Bloco, os comunistas e, a avaliar pela importância que dá ao resultado das eleições, o Livre. Tudo para manter a esquerda no poder. Que se lixem as eleições.
Parece-me que a primeira coisa que Luís Montenegro tem de fazer é garantir o valor das próprias eleições e travar os que acham que o voto é censitário, só o deles conta porque eles são donos da verdade, do bem, do regime e da democracia. Tudo o que é demais cansa, e não podemos deixar que passem constantemente por cima dos nossos eleitores.
A Constituição tem de refletir a sociedade de que é a lei fundamental para não ser só uma “mera folha de papel” como dizia Lassalle, mas é também um documento conformador dessa........
© Observador
