Os mitos da greve geral

Que dizer desta “greve geral”? Talvez que é greve, mas certamente que não é “geral”, como as outras que a antecederam. Quem ontem andou por Lisboa, viu abertas lojas, oficinas, restaurantes e supermercados. Taxis, TVDE e estafetas circulavam como nos outros dias. Com o que é que não pôde contar? O Metro, a Carris e a CP, mais os serviços do Estado, como escolas e hospitais públicos. Nada de novo: mais uma greve da função pública e dos transportes do Estado. A isso chamamos “greve geral”.

É verdade que a “greve geral”, como há mais de 100 anos explicou Georges Sorel, nunca foi suposto ser uma realidade. Foi sempre o que ele chamou um “mito”. No seu tempo, era o “mito” de que o operariado, num só dia, pudesse parar a economia, e provocar o colapso do sistema capitalista e da democracia burguesa. Sorel não esperava que isso acontecesse, mas achava vital, para os movimentos anarquistas e socialistas, que se acreditasse que isso podia........

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