Piscar para que tudo fique na mesma

Quando Luís Montenegro, no seu primeiro Governo, escolheu o PS como parceiro preferencial parecia que estava a ir pelo caminho mais sinuoso. Dentro e fora do partido houve quem questionasse o porquê de não fazer acordos com o Chega, que seriam, pela tradição, menos prudentes, mas, pelo campo ideológico (a direita), mais naturais. As legislativas de 2025 trouxeram, no entanto, a hipótese de executar a chamada governação pisca-pisca: fazer acordos nuns assuntos à direita, com o Chega; noutros à esquerda, com o PS.

O Chega está, no entanto, a ser um parceiro bem mais difícil do que foi antes o PS. Na Lei dos Estrangeiros, a AD teve de ir mais longe para acomodar as propostas do Chega e o diploma acabou chumbado pelo Tribunal Constitucional. A segunda versão da lei, já com as alterações para contornar o chumbo, ficou até mais perto da ideia inicial do PSD e acabou por ser promulgada. Isto foi possível porque o partido de André Ventura preferiu ter aquela lei do que não ter nenhuma.

Na Lei da Nacionalidade, a questão vai ser diferente. O PSD permitiu que a perda na nacionalidade fosse incluída na lei, com vários crimes associados, para corresponder às intenções do parceiro Chega. Agora, o Tribunal Constitucional acabou por também chumbar esta lei. A unanimidade da decisão significa que o desfecho seria igualmente o chumbo caso já tivessem sido eleitos os três juízes em falta — pelo que nada valia (ou valerá, no futuro) uma alteração da composição. O PSD já disse que quer fazer as mudanças para........

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