O partido das pessoas com períodos

O PSD é um partido grande e, nele, cabem várias sensibilidades, fações e alas. Sempre assim foi. Nele cabem conservadores e progressistas. Católicos e agnósticos. Criacionistas e darwinistas. Inadiáveis e liberais. Desapiedados e wokistas. O partido tem um ex-líder que quase se ofendia se dissessem que o partido era de direita e um outro ex-líder que sugeriu que um ideal de família tem um pai e uma mãe. É também por ser assim que o PSD capta todo o tipo de eleitores, naquilo que os politólogos gostam de chamar de catch all party ou partido-autocarro (porque entram todos).

Dentro do PSD há até espaço para os que mudam de opinião. Pedro Passos Coelho, por exemplo, antes de ser primeiro-ministro tinha posições menos próximas da direita conservadora e até se distinguia, por isso, da única adversária que lhe ganhou eleições internas (Manuela Ferreira Leite, que chegou a pedir para chamarem “outra coisa” ao casamento entre pessoas do mesmo sexo). Passos Coelho defendeu por exemplo, numa entrevista ao jornal i a 13 de março de 2010, que a “homossexualidade ou a heterossexualidade não tem de ser o critério para a adoção. Quando avaliamos as condições em que determinada pessoa deve poder adotar, o critério não é saber qual é a sua orientação sexual”.

Cinco anos mais tarde, votou........

© Observador