Seguro reaparece — quem deixou a porta aberta? 

Há regressos muito aguardados: o verão, as castanhas assadas, o 13.º mês. E depois há regressos que nos obrigam a parar, coçar a cabeça e perguntar: “Mas… isto ainda existe? Foi mais ou menos assim que o país reagiu ao reaparecimento de António José Seguro, onze anos depois de ter desaparecido do mapa político com a descrição de um avião furtivo.

”Sim, caro leitor, não é uma repetição da RTP Memória. É mesmo ele. Depois de 11 anos de silêncio político, regressa com ar sério, voz pausada, e aquela estranha confiança de quem acredita que esteve sempre ali — só nós é que não olhávamos para o lado certo.

Mas há quem volte à política com ar renascido. Seguro voltou com ar de “vocês lembram-se de mim, certo?” É comovente. E ligeiramente estranho.

Onze anos de silêncio político e, de repente, “olá outra vez, estou pronto para ser Presidente”. É um plot twist digno de novela— daquelas em que um personagem que morreu em 2013 reaparece vivo em 2024 e ainda herdou uma quinta no Douro.

Experiência política… agora com 11 anos de prazo de validade

O candidato proclama ter “experiência política”. Ninguém está a dizer que não. Mas, verdade seja dita, a coisa lembra um iogurte esquecido no frigorífico: existe, está lá, mas talvez fosse melhor verificar a data antes de consumir.

Seguro repete a palavra “experiência” com tal intensidade que até parece que foi ele quem negociou o Tratado de Tordesilhas. Mas a cronologia é menos épica. Depois de perder a liderança do PS, saiu da política em dificuldade, batendo com a porta— que só agora a volta a abrir, onze anos depois, com a esperança de que ninguém notou que ele esteve fora.

Seguro repete tantas vezes a palavra “experiência” que uma pessoa distraída poderia pensar que ele andou a chefiar ministérios, missões humanitárias ou negociações internacionais. Mas........

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