O importante é salvar vidas

Nos últimos dias, o espaço público encheu-se de “especialistas” que, ao estilo do engenheiro húngaro András Arató, opinam sobre aeronáutica, emergência médica, helicópteros, telhados e pilotagem. A recente controvérsia em torno dos quatro Black Hawk em fase de aquisição, destinados a cumprir missões de emergência médica, revela como ainda nos custa discutir assuntos estratégicos sem o ruído dos pequenos interesses – umas vezes legítimos, outras vezes, nem tanto.

Há muito defendo a concentração de meios e competências num modelo multifunções e de duplo uso (civil e militar), capaz de reduzir custos, elevar a operacionalidade e contrariar a sazonalidade. Decidi, por isso, escrever, não apenas para defender a compra dos quatro Black Hawk, mas para expor o racional desta opção.

Antes, porém, de apresentar as minhas razões, há que dizer sem reservas ou rodeios, que infantiliza e empobrece o debate a ideia de que há “equipamentos que não servem”, ou que alguém nesta discussão está “absolutamente” certo ou “errado”. A tentação de reduzir escolhas estratégicas a rótulos morais, como se um Airbus ou um Merlin fossem perfeitos, e tudo o resto fosse de desprezar, é próprio de um país pobre onde não se faz uma gestão correta da capacidade instalada e dos meios. Não tenham dúvidas: há uma panóplia de equipamentos aptos a prosseguir as missões de emergência médica, uns farão........

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