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Dopaminocracia

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15.10.2024

“Social media is biased, not to the Left or the Right, but downward (…) An unfortunate combination of biology and math favors degradation of the human world (…) We’ll return to the higher potency of negative emotions in behavior modification many times as we explore the personal, political, economic, social, and cultural effects of social media”, Jaron Lanier.

Se numa das últimas crónicas refletimos sobre os efeitos nocivos dos telemóveis para as crianças, chegou a hora de olharmos para o impacto mais profundo que o uso excessivo de dispositivos digitais está a ter nos adultos. Em particular, na forma como as democracias estão a ser moldadas por um novo conjunto de regras centradas na exploração do já famoso neurotransmissor associado ao prazer imediato e à gratificação instantânea: a “dopamina”.

A dopamina é desde há muito a força motriz das interações humanas no mundo digital. À medida que o uso de redes sociais se intensifica, cresce também a dependência desta substância para regular não só as nossas relações interpessoais, mas também um debate político altamente capturado pelos palcos digitais. O impacto na democracia desta deslocação do debate político para as redes sociais ou para órgãos de media digitais tem sido devastador. É que a necessidade constante de dopamina passou a dominar as dinâmicas do confronto político.

Este fenómeno, que por simplicidade decidi apelidar de “dopaminocracia”, está a distorcer a forma como se debate, discute ideias – ou até como (não) se negoceia na política. Na dopaminocracia, em vez de se valorizar o diálogo ou reconciliar diferenças, recompensa-se a polarização, a reatividade e o conflito. Vive-se na “ditadura das pequenas diferenças” onde qualquer........

© Observador


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