Chateaubriand, Prada e a cut-flower culture
Depois de mais de uma década de destruição, loucura e morte, o primeiro cônsul da imberbe República Francesa, Napoleão Bonaparte, procurava pacificar o ímpeto revolucionário, nomeadamente a descristianização violenta de França.
Em 1801 tinha celebrado uma Concordata com a Santa Sé [1], nos termos da qual era restaurado o estatuto civil da Igreja Católica, mau grado a República não devolvesse o património que lhe havia sido confiscado. No ano seguinte, Napoleão também amnistiou grande parte dos émigrés, grupo variadíssimo composto por personae non gratae da Revolução.
François-René, vicomte de Chateaubriand foi um deles. Nesse mesmo ano, Chateaubriand publica uma apologia da fé cristã que se revelaria influentíssima: Le Génie du christianisme, ou Beautés de la religion chrétienne. Além de ter influenciado o movimento romântico, O Génio do Cristianismo [2] é uma obra-prima literária de grande coragem.
Sendo uma reacção contra os devaneios iluministas que produziram a Revolução Francesa, é uma obra que tem o condão de subsistir, resistindo à efemeridade conjuntural e valendo por si só, embora o contexto, nomeadamente a inospitalidade dessa França dementada relativamente a tudo o que era cristão e tradicional, tenha sido a sua causa imediata. Nela, Chateaubriand, de forma comovente e brilhante, exalta o património espiritual e civil legado pelo Cristianismo – e pelo Catolicismo, em particular – a França, essa fille aînée de l’Église tornada ingrata e cujo Rei ostentava o título de Rex Christianissumus, e à Europa.
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