Séries clássicas dos anos 90, formatos de entretenimento ultrapassados e até programas de entrevistas reciclados inundam as grelhas televisivas, tanto nos canais tradicionais como nas plataformas de streaming. A estratégia parece simples: a nostalgia vende e atrai audiências. Como exemplo, temos o recente regresso da icónica série juvenil da geração Millennial, Morangos com Açúcar.
Contudo, esta abordagem começa a revelar sintomas de um problema mais profundo e complexo. O que parece uma escolha inofensiva reflete, na verdade, a estagnação cultural e o impacto na saúde mental.
A Nostalgia Como Moeda de Troca Cultural
A constante reciclagem de conteúdos televisivos não é apenas um sinal da falta de criatividade no setor, mas uma obsessão pela previsibilidade e o lucro fácil. Ao oferecer algo que já foi comprovadamente popular, os media minimizam o risco de investir em novas ideias. Porém, ao fazê-lo, limitam a inovação e a exploração de novas narrativas.
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Raymond Williams, no seu livro Television: Technology and Cultural Form, argumentava que a televisão, quando utilizada apenas para fins comerciais, cria uma “falsa continuidade” entre o passado e o presente. O espectador é levado a acreditar que a realidade retratada nesses programas antigos ainda é aplicável ao mundo atual, gerando uma desconexão entre o que consumimos e o que de facto vivemos.
Quantas vezes ligamos a TVI ou a SIC e deparamos com programas e novelas repetidas até à exaustão, como se estivéssemos........