A transição energética passa também pelas redes

Durante anos, o debate europeu sobre a transição energética concentrou-se quase exclusivamente na capacidade de produção: quantos gigawatts de hídrica, bioenergia, solar e eólica instalar, quantos leilões lançar, quantos projetos aprovar. Hoje, a Comissão Europeia reconhece finalmente aquilo que os operadores, investidores e reguladores sabem há muito tempo: sem redes elétricas robustas, a transição energética simplesmente não acontece.

Com a apresentação do European Grids Package e da proposta revista do regulamento TEN-E, a Comissão Europeia assume a dimensão real do desafio. Até 2040, a União Europeia terá de mobilizar 1,2 milhões de milhões (biliões) de euros em redes elétricas, a que se somam 240 mil milhões de euros em infraestruturas de hidrogénio. Não se trata de um luxo tecnológico, mas de uma condição estrutural para sustentar a eletrificação acelerada da economia, integrar volumes crescentes de energia renovável no sistema elétrico, garantir segurança energética num contexto geopolítico cada vez mais instável, e reforçar a soberania política.

A guerra da Rússia contra a Ucrânia funcionou como um choque de realidade. A dependência europeia de combustíveis fósseis importados........

© Observador