Não há ouro sem o Douro
O IVDP detém autoridade absoluta sobre a certificação de vinhos no Douro, excluindo produtores que não cumpram as suas normas rígidas. Este monopólio fomenta a sobreprodução crónica de vinho do Porto, como se viu na crise de 2024, quando 117 hectares de uvas ficaram por colher devido a stocks cheios e vendas em declínio. Os grandes produtores, com recursos para navegar nas regras labirínticas do IVDP, prosperam, enquanto os pequenos viticultores são discriminados por uma regulamentação monstruosa. O sistema, parcialmente financiado pelos contribuintes portugueses – muitos dos quais nem sequer consomem vinho do Porto -, redistribui riqueza para sustentar uma relíquia corporativista que reprime a diversidade, criatividade e experimentação.
Veja-se o exemplo do Regulamento de Proteção: este dita desde os termos de rotulagem, como “Reserva”, até às densidades de plantação nas vinhas (por exemplo, 4.000 videiras por hectare com uma tolerância de 10%). Tal gestão minuciosa substitui os sinais de mercado por imposições burocráticas, forçando os produtores a uma uniformidade que os impede de inovar com base nos gostos dos consumidores. Os custos de conformidade – inspeções, papelada e publicidade aprovada pelo Estado – inflacionam os preços e desviam recursos da modernização para escritórios frios, longe do sol onde trilham viticultores mal renumerados. O IVDP controla até as inspeções às adegas, exigindo acesso irrestrito a propriedades privadas e punindo o incumprimento com sanções como o cancelamento de registos. Isto não é garantia de qualidade; é........
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