O castigo de Prometeu
Os campi universitários têm geralmente uma disposição dispersa e não é fácil identificar a sua entrada. Como diria o gato em Alice no País das Maravilhas, aquilo que entendermos como entrada vai depender do destino que procuramos. Mas isso não se aplica com precisão ao campus de Gualtar da Universidade do Minho, que grava no nosso imaginário uma entrada principal: a da estátua de Prometeu, prestando homenagem ao mito grego que castiga o titã por roubar o fogo aos deuses para o dar aos homens. O fogo era um exclusivo dos deuses e, ao oferecê-lo ao homem, Prometeu aproximava as duas condições – divina e humana –, num ato que não podia ser perdoado e que a academia não deve esquecer.
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É sempre surpreendente perceber como os antigos sabiam tanto, mesmo sem a base científica com que hoje observamos o mundo. Eles sabiam da importância do fogo tanto como hoje a reconhecemos na nossa evolução. Como diz Suzana Herculano-Houzel, em Deus Cérebro:
“Sem estas ferramentas, sem fogo, sem modificar a comida que comemos, não estaríamos aqui. Não teríamos energia suficiente para alimentar o cérebro que temos.”
Foi o fogo que nos tornou o que somos, e o que somos transformou o mundo à nossa volta – o que nos recorda um dos mais belos momentos da tragédia grega, quando, em Antígona, Sófocles coloca no Coro as seguintes palavras:
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“Muitos prodígios há; porém nenhum
maior do que o homem.”
O maior dos........
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