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A grande divergência (1)

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04.11.2024

Em 2020, Ismail K. White e Chryl N. Laird procuraram explicar por que razão o apoio ao Partido Democrata é tão forte entre os afroamericanos, apesar de estes serem tendencialmente mais conservadores em questões morais do que a linha progressista do partido. Em Steadfast Democrats: How Social Forces Shape Black Political Behavior, os investigadores analisaram como a transferência de voto dos republicanos para os democratas, que culminou com o movimento dos direitos civis na década de 1960, conduziu à consolidação da ideia de que “apoiar o Partido Democrata passou a ser entendido como algo que se faz enquanto pessoa negra”.

Meio século depois, essa identificação permaneceria em resultado de um “constrangimento social de origem racial”, que condiciona a decisão individual e mantém a pressão social no sentido da norma aceitável. As razões são históricas e identitárias: tratando-se de um grupo etnicamente minoritário e com um passado de escravatura, esta norma social permitiria reforçar o poder político do grupo, o que gera incentivos para se manterem politicamente unidos.

Teria sido esta a razão para um apoio eleitoral negro aos últimos candidatos democratas (Obama, Clinton, Biden) acima dos 90% e foi por isso que as sondagens recentes, que revelam um apoio menor a Kamala Harris, foram recebidas com tanta surpresa. O afastamento é especialmente visível entre os homens, e acontece também com o voto hispânico (embora aí a perspetiva seja diferente, na medida em que a base de apoio inicial nunca foi tão elevada). Analisando os novos dados, alguns comentadores têm falado em “despolarização racial”, que seria particularmente evidente entre os jovens dos 18 aos 29 anos, de acordo com a Yale Youth Pole:

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© Observador


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