Vamos lá criticar o Papa

As recentes revelações feitas pelo Papa Francisco, num livro de pendor autobiográfico sobre o conclave de 2005, têm causado estupefação. Nelas, Francisco revela que se sentiu “usado” em algo que poderíamos facilmente denominar de lobby ou conspiração, com intenções claras de influenciar a eleição do novo Papa. A ideia de suspeição, conluio e intriga, a perspetiva segundo a qual tudo na Igreja é um imenso manto de encobrimento e falsidade, os pedidos urgentes de regresso à pureza perdida não se fizeram esperar. “Afinal, não é o Espírito Santo que ‘preside’ à eleição do sucessor de Pedro ou tudo não passa de conversa fiada?”, leu-se em alguns lugares. Mas, sobre este assunto há duas considerações ou, talvez, até três, que não podem deixar de ser feitas.

A primeira prende-se com o seguinte: os crentes acreditam realmente que é o Espírito Santo que “preside” à eleição papal, mas não são parvos ao ponto de acharem que há um compartimento no teto da Capela Sistina, que abre para que uma pomba branca, dota de uma anila celeste, desça, a fim de comunicar o nome do vencedor. Não sei se vou destruir a sensibilidade a........

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