São danos colaterais, Senhor. São danos colaterais

D. Dinis andava desconfiado com as saídas de D. Isabel. Ainda por cima, notava quebras inexplicáveis no arsenal militar. Decidiu, então, surpreendê-la numa das suas saídas, convencido que Isabel roubava armas para ajudar conflitos armados. Quando a encontrou, notou que a rainha tentava disfarçar o que levava no regaço. Isabel ainda disse que ia comer açaí com as amigas, que levava, até, tupperwares de casa para não usar plásticos, mas o rei, enfurecido, obrigou-a a abrir o manto. E, mal dele caíram um conjunto enorme de armas, Isabel anunciou: são danos colaterais, Senhor, são danos colaterais.

Normalmente, quando um vizinho decide que o sábado de manhã é a melhor altura para perfurar uma parede, ignorando os nossos planos de dormir até tarde, tornamo-nos, sem querer, um dano colateral. Quando compramos um telemóvel, e aceitamos que os nossos dados pessoais se tornem mais acessíveis, assumimos isso como um dano colateral. Quando um adolescente deixa de sair com os amigos, para ficar com a namorada, pouco se importa........

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