Quem quiser ganhar, há de perder |
A Igreja e outras instituições caíram numa armadilha. Corretamente perderam o papel e o lugar de Estado. Em certo sentido, elas próprias promoveram, dentro de si, o que hoje chamamos secularização e laicidade. Mas, progressivamente, acabaram a perder voz no espaço público. Convenceram-se – em alguns casos foram convencidas – que o melhor era recolherem-se ao adro da igreja e ficar a tomar conta do rebanho. Pisar o risco seria sinal de atrevimento inaceitável; de desrespeito pelo equilíbrio da sociedade.
Mas esta conclusão é errada e, com o tempo, tornou-se suicida. Se a Igreja já não é a “religião oficial”, se já não é o centro do mundo, daí não se segue que se retire para os claustros e para os ermitérios. Continua a ter direito de cidadania e de uma cidadania mais rica, porque partilhada. Seria estranho que alguém fosse convidado porque é padre, e em qualquer painel, tivesse um lugar de honra. Mas seria totalmente ilegítimo que se cancelasse alguém, pelo simples facto, de ser, ou não, religioso. Ao fim e ao cabo, se todos somos cidadãos, não há cidadãos de primeira ou de segunda. Parece óbvio. Ser anticlerical não é sinal de subtileza intelectual, é só discriminação.
No entanto, algo tem mudado. Depois de um tempo de........