Portugal contra si mesmo
Foram precisos quase 29 anos. Foram precisos quase 29 anos para estar, pelo menos por uns dias, e de maneira consciente, em todos os distritos. Miguel Torga escreveu que “cada qual procura-se onde se sente perdido. Eu perdi-me em Portugal, e procuro-me nele”. Mas esta conquista tem muito menos estremecimento e de desassossego que a prosa do escritor português. É mais fruto do acaso, do “tem de ser”, da circunstância.
A cidade onde estive nos últimos dias parecia um imenso vegetal, acamado, sujo, à espera da sua hora. A cidade onde estive, a capital de distrito que nenhum dos meus familiares ou amigos visitou ainda, sem qualquer remorso ou desejo, parecia-se com a Comala de Juan Rulfo: a cidade deixada à morte pela fome, e onde o sino a defunto parecia soar como o rebater dos carrilhões em festa.
Há quem, certamente, proteste pela agressividade do retrato. E tem razão. Havia, também, evidentes sinais de cosmopolitismo. A certa hora da noite, por exemplo, as únicas lojas abertas eram de tipologia semelhante àquelas, também abertas, em horário........





















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