O Mérito do Rei Emérito (*)

Precisamente hoje, 22 de Novembro de 2025, faz cinquenta anos que D. Juan Carlos de Bourbon e Bourbon foi proclamado Rei de Espanha, dois dias depois da morte de Francisco Franco, que o tinha instituído como seu sucessor à frente do Estado espanhol.

A sua proclamação como monarca aconteceu quase cinquenta anos depois de o seu avô, o Rei Afonso XIII, ter deixado Espanha, por ocasião da proclamação da segunda República, tendo-se esta caracterizado por uma terrível perseguição religiosa, que culminou com três anos de impiedosa guerra civil. Seguiu-se a ditadura de Franco, que concluiu com a restauração da monarquia na pessoa de D Juan Carlos I, ao qual coube a difícil tarefa de transformar o herdado regime autoritário numa democracia pluralista.

Juan Carlos de Bourbon é alguém muito próximo de Portugal, porque aqui residiu durante uma parte importante da sua vida, quando no Estoril estava exilada a Família Real espanhola. Aqui morreu também, em condições trágicas, o seu único irmão, Alfonso, e casaram as suas duas irmãs, as Infantas Pilar e Margarida.

Não era óbvio que Juan Carlos viesse a ser o Rei de Espanha, porque o seu pai, D. Juan de Bourbon, Conde de Barcelona, era o terceiro filho varão do Rei Afonso XIII e da Rainha Vitória Eugénia de Battenberg, ou Mountbatten, que era neta da homónima soberana inglesa. No entanto, devido à renúncia dos seus dois irmãos mais velhos, a chefia da Família Real espanhola veio a recair em D. Juan.

Se, do ponto de vista dinástico, não restavam dúvidas quanto à legitimidade de Juan Carlos para suceder ao seu avô, Afonso XIII, no trono espanhol, a questão nem sempre foi pacífica, por interferência de outros pretendentes.

Um deles, D. Carlos Hugo de Bourbon Parma, casado com a Princesa Irene da Holanda, intitulava-se chefe do ramo tradicionalista, ou carlista, que apoiara, no século XIX, as pretensões ao trono do Infante D. Carlos. Extinto esse ramo da Família Real, a sua representação coube a Juan Carlos, o que explica o seu segundo nome próprio. Por outro lado, Carlos Hugo não estava a par do que se passava em Espanha, onde nunca viveu, nem era conhecido.

O outro pretendente era D. Afonso de Bourbon Dampierre,........

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