Mentira diabólica |
Na sua crónica do passado dia 2 de Novembro, o Frei Bento Domingues afirmou que são fiéis defuntos “todos, todos, todos, como diria o Papa Francisco”. O anterior romano pontífice usou essa expressão para dizer que todos são chamados a pertencer à Igreja, por via da sua conversão e Baptismo, mas não no sentido de que a comemoração dos fiéis defuntos é universal, como pretende o autor da crónica. Na realidade, por fiéis defuntos entende a Igreja aqueles cristãos – se o não fossem, também não seriam fiéis – que, tendo-se salvo, ainda não alcançaram a visão beatífica e, por isso, padecem a purificação necessária para esse efeito.
Embora a realidade do purgatório não conste explicitamente na Sagrada Escritura, faz parte da Sagrada Tradição, a outra fonte da revelação divina, porque desde sempre na Igreja católica se rezou pelos fiéis defuntos, ou seja, se admitiu a existência de almas que, tendo-se salvo, ainda não chegaram ao Céu e, por isso, precisam dos nossos sufrágios. Como escreveu o referido cronista, “Umas pessoas iriam para o céu, para disfrutar da eterna alegria de Deus. Outras teriam de ser purificadas pelo fogo para poderem entrar no céu. Outras ainda, que morriam em pecado mortal, iriam para o inferno, para o sofrimento eterno.”
Este era e é, com efeito, o entendimento da Igreja católica desde há dois mil anos, pois nunca duvidou da existência de dois destinos eternos diametralmente opostos: a salvação e a condenação (Mt 25, 31-47; Lc 16, 19-31). Também nunca se pôs em causa a existência de um estádio passageiro de purificação para as almas que, tendo-se salvo, não estão ainda habilitadas para a visão beatífica.
A existência do inferno e a sua eternidade foram recentemente confirmadas pelo solene Magistério da Igreja: “A doutrina da Igreja afirma a existência do Inferno e a sua eternidade. As almas dos que morrem em estado de pecado mortal descem imediatamente, após a morte, aos infernos, onde........© Observador