Agosto? Presidenciais, pois claro

Há pouco mais de quatro anos, Mário Centeno, acabado de sair do ministério das Finanças, indicado para o lugar de Governador do Banco de Portugal, afirmava que, tendo em conta a quantidade de matérias em que trabalhou enquanto esteve no Governo, “não conseguia arranjar emprego em Portugal nas próximas décadas”, tendo, com isso, arrumado com a questão que à época se suscitara relativamente à eventual situação de conflito de interesses em que se colocaria na liderança do banco central, indicado pelo próprio Governo de que tinha feito parte até há pouco tempo.

Não ocorreu a Centeno dar aulas, o que fazia antes de ser ministro. Não lhe ocorreu também colocar-se nessa horrenda posição que é enviar currículos, oferecendo-se para trabalhar no sector privado, em empresas, como fez, por exemplo, Medina Carreira, que trabalhou em várias e montou mesmo um escritório de advocacia próprio. Menos lhe terá ocorrido candidatar-se a um concurso internacional, prestando provas, fazendo entrevistas e submetendo-se ao julgamento profissional dos outros, como fez Álvaro Santos Pereira, o ex-ministro mais mal amado pelo situacionismo lambe-botas da pátria. Centeno era, afinal, um desgraçado sem direito a viver. Ou era a cadeira de Governador do Banco de Portugal ou a indigência, a sopa dos pobres, a mitra de Lisboa.

António........

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