É curioso como a política portuguesa, volta e meia nos oferece pérolas de comicidade involuntária. Uma dessas pérolas cintilantes, a brilhar no panorama nacional, atende pelo nome de André Ventura. O líder do Chega, partido que se autoproclama a “última linha de defesa contra o sistema corrupto”, parece ter desenvolvido um peculiar sentido de propriedade sobre o debate público — afinal, quem mais seria capaz de pensar que certos temas lhe pertencem exclusivamente a ele?
Atualmente, com o PSD a tentar “arrumar a casa” sob a liderança de Luís Montenegro, assistimos a um esforço para recuperar a força de outrora. Para tal, o PSD não hesita em tocar em assuntos delicados e politicamente carregados, como a imigração, a segurança pública, a justiça ou a imigração, temas que, goste-se ou não, sempre exigiram respostas claras e medidas assertivas. Respostas essas que a esquerda raramente conseguiu dar.
O único partido a quem Montenegro não conseguirá “roubar” o discurso é à Iniciativa Liberal, pois para os Liberais nenhuma reforma será suficiente pois não trará a verdadeira reforma do Estado. O PSD oferece uma versão diluída e pouco inspirada das políticas liberais talvez porque, no fundo, Montenegro ainda não entendeu que não basta falar de impostos — é preciso querer realmente mudá-los. Os Liberais, porém, não são sequer........