Reabilitar Portugal?
O paradigma das políticas públicas habitacionais manteve-se praticamente inalterado até à rutura financeira do Estado português, e posterior assistência financeira da Troïka em 2011. Fossem governos de centro-esquerda, ou centro-direita, privilegiaram sempre o apoio à compra de casa própria, um símbolo da estabilidade e da coesão social, concedendo a atribuição de subsídios para facilitar o acesso ao crédito. A degradação das condições económicas e financeiras obrigaram ao corte destas iniciativas, o que desacelerou o volume de construção. De acordo com os Censos 2021, de 2011 a 2021 foram erguidos apenas 110 784 edifícios, 3,1% da oferta total disponível, números que destoam por completo dos que vinham a ser registados: 967 182 edifícios construídos entre 1961 e 1980; 1 138 816 construídos entre 1981 e 2000; 529 510 construídos entre 2001 e 2010.
A recuperação da economia portuguesa a partir de 2014/2015 fez-se, em larga medida, graças ao contributo do turismo, um setor económico dado à imprevisibilidade, suscetível a grandes flutuações, como foi possível apurar na pandemia. Nestas novas circunstâncias, o sistema habitacional português começou a sofrer os primeiros sinais de desestruturação, com o aumento acentuado da procura turística nos principais centros urbanos, Lisboa e Porto.........
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