União Europeia - e se Trump tiver razão? |
Houve um momento, enquanto ouvia as críticas de Trump à UE ecoarem pelo fórum da Assembleia Geral da ONU, em que minha indignação diminuiu. No seu lugar, um calafrio. Trump, com a sua franqueza brutal, acusou-a de minar a sua própria credibilidade de forma “constrangedora”. E, por muito que o meu instinto de europeísta convicta se esforçasse por ignorá-lo, um pensamento perturbador dominou-me: e se esse homem tivesse, de facto, à sua maneira rude, razão?
Acompanho desde há vinte anos o que Jacques Delors descreveu como um “Objecto Político Não Identificado”, como consultora em fundos da UE. Leio, munida com o necessário masoquismo, os principais textos produzidos pelas mentes brilhantes da Comissão e do Parlamento Europeu, com a sua prosa enjoativa, surdez histórica, sintaxe complicada, contradições, palavreado altivo, autoritário e repetitivo. Autênticos calhamaços que antes de ir directamente ao ponto, começam com os habituais “since” (alguns têm mais de 70) e “considering that” (chegam a ultrapassar 100). E, em todos eles, de uma forma ou de outra, encontro, sobretudo a partir de 2019, uma estratégia de narrativas, que constroem uma realidade de “emergência” absoluta, e que têm servido para um órgão eminentemente intergovernamental como a Comissão centralizar cada vez mais poder nas suas próprias mãos, sem controlo, e além de qualquer procedimento previsto pelos Tratados, incluindo o de Maastricht. E sem levar em conta a opinião dos cidadãos europeus e de suas instituições representativas, por meio das quais a soberania é exercida em democracia. A estes, é-lhes apenas permitido seguir ordens.
É disso exemplo a emergência pandémica, as medidas restritivas e a vacinação em massa; a emergência climática e ambiental e a alegada e indiscutível necessidade de planos como o Pacto Ecológico Europeu (que depois de ter colocado a indústria europeia de joelhos, tem vindo a ser abandonado e criticado pela mesma Comissão que o criou); agora, complementada, precisamente, com a emergência geopolítica (Putin) e quem sabe o que mais.
O padrão das narrativas é........