menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

Mundo, dia 21 de Abril de 2025

8 1
24.04.2025

1 O Papa Francisco quis despedir-se, e assim o fez, de surpresa e ao ar livre, de uma imensa praça repleta de devoção e expectativa. Talvez Francisco soubesse que Deus viria buscá-lo horas depois, para acompanhar Cristo na sua Ressurreição, definitivo triunfo da vida sobre a morte. Talvez, mas ele assim o fez.

Será difícil não nos prendermos, crentes e não crentes, a tão luminoso, poderoso sinal. Será porventura ainda mais difícil ter como agradecer o privilégio de testemunhar tão espantosa despedida.

2 Mas agora gostaria que o Papa Francisco me ouvisse dizer isto: como Sumo Pontífice talvez não se possa ter oferecido tanto, acolhido tanto, viajado tanto e tão longe, intervindo tanto. E ter mudado muita coisa, sem ferir a doutrina – nem ter nunca, vez alguma, que a cerzir ou costurar: sempre lhe foi fiel, sempre a praticou. E no entanto… mudou, transformou, avançou.

Quando o ouvimos em 2013 dizer “Boa Noite” ao mundo de uma janela do Vaticano, não adivinhávamos – eu não adivinhava – que tudo nele, do gesto ao verbo e ao acto, viria a prolongar aquele humanamente tão próximo desejo de “uma boa noite.” Um primeiro gesto que nos transmitia o entendimento que tinha – e sobre o qual operaria – da missão que o esperava e que ele queria “próxima, muito próxima”. (Uma proximidade explicada por ser “da Argentina”, que é algo que se diz muitas vezes como única explicação para gestos ou atitudes que além da questão da pertença careceriam de explicações de outra natureza.)

3 A lista de tão fértil, desencorajará desatentos e........

© Observador