Crónica em três tons
1 Não saber? Mas como não saber se sabemos sempre tudo? Todos ao mesmo tempo, globalmente e ao segundo?
Não saber, não comunicar, não ser comunicado? Verbos arrumados na história, coisas do outro mundo. Do de antes. A estranheza era tão imensa como um oceano. Não cabia num dia. E foi a rádio, a “velhinha” rádio, formidável companheira e igual a nenhuma outra, que nos amparou aquela estranheza, sem referências, nem identificação.
E a luz veio ao pôr do sol. Acertadamente.
Dizem que Luís Montenegro tem sorte. Talvez. Mas o que por estes dias se viu foi acerto no ofício.
2 Pior é difícil? A pergunta ouve-se em vários círculos alusiva ao que aí ficou: o “apagão” e a pré-campanha legislativa. Nada têm obviamente a ver uma com a outra, o “espírito” foi parecido.
A partir de anteontem à noite mas sobretudo no dia de ontem, o que se ouviu – oposições e parte da media – foi de estarrecer. Da asneira à solta à obsessão com a afanosa procura de “culpados”, os empurrões para que fossem “do” Governo, senão do próprio governo inteiro: com o maestro da orquestra governamental a reger a grande “Sinfonia do Apagão”, da sua autoria.
A asneira à solta, sim.
Quando se substitui a pergunta pela acusação; e quando o argumento principal é a suspeita, o insulto ou a irracionalidade, o jogo democrático está........
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