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Um marxismo servido requentado

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25.10.2025

1. De todos os autores que até ainda não há muito tempo se reivindicavam do marxismo, a maioria nem vale a pena ser lida. Dos ainda vivos (creio eu) Badiou não merece um minuto de atenção. Mas dois existiram, já falecidos, que a merecem; o grego Poulantzas e o argentino Laclau. Dizem mais ou menos o mesmo; Poulantzas mais teórico, Laclau mais político/prático.

De comum têm uma ideia a reter. O fascismo nada tem a ver com aquilo a que chamam a transição actual para o estado «autoritário» ao serviço do «capitalismo monopolista». O que já é muito. E mais; criticam severamente os adeptos da tese segundo a qual o «fascismo» está de novo aí à porta sob a veste das tendências (que nos últimos anos em que viveram já despontavam) para a reafirmação eleitoral das direitas nos países europeus. Os adeptos do regresso do «fascismo», como os maoístas europeus, portugueses à cabeça, ou não fossem os mais incapazes deles, nunca saíram das teses dos primórdios da III Internacional, camarada Dimitrov dixit, já controlada por esse grande «inteloctual» que foi o marechal Estaline, e que via o «fascismo» em tudo que se opusesse aos interesses do partido comunista soviético, a começar pelos sociais-democratas. Cometem o erro da III Internacional que consistiu em confundir a democracia liberal parlamentar com o fascismo. Ainda hoje pululam cá no burgo adeptos desta tese embora os mais cultos, poucos, avancem um palavreado mais modernizado mas dentro do quadro mental espúrio que sempre os caracterizou. Só mudaram as palavras. Não percebem que para confrontar a realidade são necessários conceitos novos em vez de recorrer teimosamente aos velhos. Não obedecem ao velho conselho leninista da «análise concreta da situação concreta» e, como não têm cabeça para tanto, socorrem-se do espantalho do «fascismo».

Da análise que aqueles dois marxistas fazem, com a qual não concordo, mas que respeito, resulta que o fascismo foi uma modalidade excepcional de regime autoritário a par da ditadura militar, esta própria dos países sul-americanos........

© Observador