Portugal, um país de profetas do desastre

O grande desporto nacional não é o futebol, é antecipar as desgraças. Ser pessimista em Portugal é uma exigência curricular. Do Minho ao Algarve, cada português carrega consigo um “isto vai correr mal”, que nos parece tão imprescindível quanto o número do Cartão de Cidadão. O otimismo, por cá, dá-se por suspeito, é uma espécie de carimbo de leviandade perniciosa.

Mesmo quando o país progride, e o nos últimos 50 anos progrediu muito, o pessimismo permanece no espelho deformado onde Portugal se contempla com ceticismo.

De onde virá esta mania de cultivar o derrotismo?

O fado é sempre suspeito, mas desta vez pode ser absolvido. Porque existe um padrão melancólico de baixa autoestima nacional que teima em pôr-nos entre a tragédia e o fatalismo. A literatura reforçou-o.

Da saudade Camoniana ao desencanto de Pessoa, da nostalgia de Virgílio Ferreira à ironia amarga de........

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