De partidos “populistas” a partidos “pós-populistas”?
No meu artigo anterior, abordei o conceito de partidos “civilizacionistas” e expliquei (ou tentei explicar) em que medida o Chega se enquadra nesse grupo. Aceitar que o partido liderado por André Ventura é um partido “civilizacionista”, na aceção do historiador e jornalista Daniel Pipes, é defender, em princípio, que o segundo maior partido de Portugal é populista — a não ser que se argumente que um partido pode ser “anti-imigração” (ou, mais precisamente, contra a imigração massiva e descontrolada, o que me parece uma descrição mais adequada) e “anti-islamização” sem ser, necessariamente, “populista”.
Tendo alguns desses partidos já colocado à prova a sua capacidade de governar ou de apoiar formalmente coligações de direita, creio que alguns conseguem dar mais relevo ao seu caráter conservador e de oposição à esquerda do que propriamente ao seu carácter populista. Vejamos o exemplo dos Democratas Suecos que, embora não integrem a coligação governamental, são determinantes para influenciar a política do executivo composto por membros dos Moderados, dos Democratas-Cristãos e dos Liberais. Um exemplo ainda mais ilustrativo é o de Giorgia Meloni, que governa a Itália desde Outubro de 2022.
Defenderei que os partidos “civilizacionistas”, quando chegam à liderança de governos e/ou chefias de Estado, podem contribuir para dissolver a sua reputação de partidos anti-institucionais ou anti-sistema, passando a ser uma influência positiva para os países que pretendem liderar — e, em certa medida, também para o mundo. Além disso, discutirei a perda de relevância e de aplicabilidade do conceito de “populismo” e a crescente importância do conceito de “nova direita”, que pode ser mais condizente com a ideologia, o estilo de governação e a forma de se relacionarem com a sociedade civil que estes partidos adoptam (e que, muito provavelmente sempre adoptaram).
Giorgia Meloni versus Matteo Salvini?
Para Matteo Salvini, vice-primeiro-ministro italiano e líder do partido Liga Norte, é admissível formar um executivo em que tanto o seu partido como o Movimento 5 Estrelas — um partido claramente de esquerda e populista — participem. Até alcançar a sua atual posição governativa, Salvini parecia considerar indispensável um confronto com as instituições europeias e com a NATO, tendo chegado mesmo, nas ruas italianas, a vestir uma camisola com o rosto de Putin após a invasão da Crimeia e o apoio russo a revoltas separatistas no leste da Ucrânia.
Por outro lado, Giorgia Meloni, primeira-ministra italiana e líder do partido Irmãos de Itália, parece protagonizar um movimento conservador europeu com responsabilidades governativas que passam, entre outras, por um........





















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