Tensão pós-eleitoral e papel de Venâncio Mondlane
Moçambique continua a viver dias de tensão pós-eleitoral, mesmo depois da tomada de posse do Presidente eleito pelo Conselho Constitucional, Daniel Chapo. Pois, o declarado segundo candidato mais votado, Venâncio Mondlane, continua a mobilizar os seus apoiantes para a desobediência civil.
O maior ponto de tensão neste momento é o pagamento de portagens. Num “decreto” para os primeiros 100 dias da sua “governação”, Mondlane definiu que, nesse período, está interdita a cobrança, entretanto o governo e a FRELIMO, partido no poder, opõem-se.
Vários cidadãos estão de acordo com a passagem gratuita pelas portagens, o que está a resultar em confrontos entre a polícia e a população. Há já casos de cabines de cobrança incendiadas. Quando perguntados sobre a razão da resistência, há unanimidade na resposta da população é: estamos a cumprir as ordens do nosso presidente.
Por outro lado, depois de ter liderado, por quase três meses, manifestações em todo o país, orientando através de lives no Facebook, Mondlane tem estado a juntar-se às vítimas da violência policial. E, quando é percebido na rua, mobiliza milhares de moçambicanos.
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A questão difícil de responder é: quem é Venâncio Mondlane? Neste artigo, tento percorrer algumas das suas facetas.
Quando chegou ao programa Pontos de Vista, na STV, Venâncio Mondlane já tinha passado, igualmente como analista político, pela Miramar. Era nessa altura a STV a líder indiscutível da audiência em Moçambique.
Cáustico e sarcástico, fez-se conhecer pelo país, numa altura que coincide com a ruptura do monopólio do debate crítico nos jornais semanários, essencialmente.
O Savana, o Zambeze ou Magazine Independente tinham circulação restrita e privilegiada numa sociedade que, ainda que em crescimento, vencia o analfabetismo, mas ainda não tinha criado o hábito de comprar jornal.
Embora também houvesse debates no Jornal Notícias, TVM e Rádio........
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