Moçambique: entre o medo e a esperança
O filósofo do séc XVII, Spinoza percebeu a fragilidade das emoções na psicologia política. O medo e a esperança podem ser armas de políticos para mobilização de massas. Através desta dualidade, busca-se reflectir, neste exercício, sobre os seus desdobramentos na actual crise política que Moçambique atravessa.
Em diferentes cantos do globo, temos assistido a regimes autocráticos que vem aprimorando as suas habilidades de repressão a vozes dissidentes desde os líderes aos seus apoiantes, esmagando qualquer possibilidade de contrariedades às suas imposições. É o medo. E a violência espectacular, sem pudor e pública, tem sido uma ferramenta de estimação nestas realidades.
Dependendo do espírito de um tempo e dos seus labirintos, o método pode ser eficaz. Até ao momento em que se vislumbra, ainda que em pequenos e quase imperceptíveis, fleches, algum sinal de luz.
É a esperança. A possibilidade de uma realidade outra é capaz de mobilizar massas em busca do sonho. A promessa de um “depois” risonho, melhor que “agora”, mostra-se eficiente.
Spinoza, na sua Holanda natal, dificilmente poderia imaginar que o Portugal — onde nasceram os seus pais que, por serem judeus, de lá fugiram para escapar à Inquisição — daria origem a outro país, Moçambique, que hoje se torna um palco emblemático da dualidade que ele descreveu. Aqui a FRELIMO, partido que há 49 anos governa o país, enfrenta Venâncio Mondlane, uma figura política que soube capitalizar as fragilidades do partido responsável por fundar a nação tal como a conhecemos desde o simbólico e eterno 25 de Junho de........
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