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A imoderação centrista

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13.09.2024

Interpretação é o que ocorre quando estabelecemos uma ligação entre aquilo que entendemos ser um “facto” e o sentido que atribuímos ao “facto”. Pegando no artigo publicado pelo Telmo Azevedo Fernandes aqui no Observador, o nosso entendimento dos “factos” por vezes não é o mais correcto: não é verdade que a China seja a principal responsável pela crise que o “Rustbelt” vive há décadas, como o Telmo demonstra muito bem. Contudo, um “facto” interpretado de forma errónea pode originar um “facto político” – politicamente, de facto as pessoas percepcionam a China como sendo responsável pelos males económicos do Ocidente em geral e do “Rustbelt” em particular. A culpabilização da globalização, da qual a China faz parte, por tudo e por nada também é “facto político”, por muito que seja por vezes difícil aos críticos acérrimos da globalização negarem os mais variados benefícios sociais e económicos da globalização.

Contudo, pese embora a dificuldade em negar os benefícios da globalização, tal não impede a formulação de uma alternativa. Essa alternativa é, para uma certa direita e para uma certa esquerda, o “nacionalismo económico”, o qual passa por coisas como a tentativa de produzir no espaço da nação aquilo que a nação não produz porque na verdade nunca produziu com qualidade, ou porque nunca produziu de todo. O “nacionalismo económico” sugere pérolas como, por exemplo, forçar os fundos de pensões a investirem na nação, nomeadamente nos planos de industrialização da nação. Uma nação de labregos dedicada, sei lá, à apanha da azeitona durante séculos, vai, por via do “fiat nacionalista”, competir com Taiwan na produção de “chips”. O problema do “nacionalista económico” é que, geralmente, imagina um passado glorioso que nunca existiu e sonha com um futuro que não é possível cumprir.

Significa isto que a globalização é inatacável e que o “centrismo globalista” é o que resta à política? De todo. Deus nos livre e guarde do centrismo. A esquerda e a direita ditas de centro moderado avançam........

© Observador


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