A comunicação social, as redes sociais e o 25 de Novembro

É conhecido o horror que a comunicação social em geral alimenta a respeito das redes sociais. Ouvimo-lo e lemo-lo variadíssimas vezes. Recentemente, Miguel Sousa Tavares recomendou até aboli-las gradualmente. O contraste proclamado é conhecido: a comunicação social é a informação, as redes sociais a desinformação; a comunicação social é a verdade, as redes sociais as mentiras; a comunicação social é a luz, as redes sociais as trevas. Os factos não são assim, já que a comunicação social também tem as suas zonas negras e as redes sociais proporcionam grandes benefícios.

Se a comunicação social tivesse um comportamento geralmente isento e decente, aberto e avesso à manipulação, interessado no serviço do público, no direito à informação e sem agendas premeditadas, a dependência das redes sociais por parte de muitos cidadãos e variados sectores cívicos não se teria instalado. Pode ser triste dizê-lo, mas a verdade é esta: hoje, a liberdade de expressão e de informação é mais tributária das redes sociais do que da comunicação social.

As redes sociais também ecoam e reportam a comunicação social, enquanto esta cala as redes sociais, excepto para as sujeitar a “fact checks”. E, nas redes sociais, é possível apresentar e explicar, responder, replicar e reagir, mas não na comunicação social. As redes sociais carecem, sem dúvida, de regulação que as reconduza a um espaço geral de responsabilidade e faça desaparecer naturalmente os excessos, a selvajaria, a cultura fora-da-lei. Mas são um formidável instrumento, essencialmente democrático, que permite a qualquer cidadão ou organização agir na hora e conhecer directamente, em relação aberta com literalmente o mundo inteiro, como nenhum outro meio de comunicação........

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