Vivemos hoje um paradoxo inquietante: nunca o Serviço Nacional de Saúde (SNS) prestou tantos cuidados, com tanta diversidade e complexidade, e ainda assim, nunca foi tão evidente que não chega. A medicina evoluiu a um ponto tal que se operam idosos com 80 ou 90 anos, tratam-se doenças outrora incuráveis, e sobrevivem-se a condições crónicas com cuidados contínuos. A boa notícia é que a ciência médica está mais eficaz do que nunca. A má notícia? As estruturas que sustentam o sistema de saúde não acompanharam esse crescimento exponencial das necessidades.

A carência de profissionais de saúde não é um fenómeno português. É global. Mas num país com uma economia de mercado tão aberta, o nosso esforço para reter e atrair talento tem sido claramente insuficiente. Enquanto um médico em Portugal aufere cerca de 2.500€, em países europeus pode ganhar cinco vezes mais. Esta discrepância, num mundo sem fronteiras laborais, empurra os nossos profissionais para fora.........

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