O Apocalipse |
Há uns anos, lembro-me bem, o Saara ia avançar por aí acima, primeiro pelo Algarve e logo a seguir para o Alentejo. Sinais não faltavam: os turistas ingleses, quando iam tomar o seu banho semanal, confrontavam-se com torneiras sem água, a televisão mostrava imagens de um solo ressequido no meio do mar amarelo alentejano, cheio de gretas, e senhores especialistas em aquecimento global avisavam com voz cava que ou mudávamos os nossos comportamentos seguindo-lhes os conselhos ou o planeta tornar-se-ia um lugar inabitável, desde logo porque a água seria o maior problema do séc. XXI.
Foi nessa altura que pensei em adquirir um monte alentejano, cujos preços evidenciavam uma tendência de queda, que todavia não durou muito dado o surpreendente cepticismo dos proprietários absentistas.
Os europeus seguiram os conselhos, e agora andam de automóveis eléctricos, que por falta de autonomia desaconselham viagens grandes, salvo se fizerem paragens para conviver com outros crentes nas áreas de serviço por espaço, de cada vez, de meia ou três quartos de hora; fecharam centrais nucleares para pagarem a energia, importada, muito mais cara, mas com a consciência tranquila; e passaram a preocupar-se com o que comem, o que vestem e o que produzem.
Um grande progresso mas que, infelizmente,........