Quando a América actua às ordens de Putin |
Terminou em 27 de novembro o prazo para Kiev aceitar o ultimato americano, contido num documento cuja “americanidade” era tão duvidosa como a soberania russa sobre a Crimeia. No essencial, tratava-se da velha lista de imposições do Kremlin, provavelmente escrita e revista em Moscovo, e entregue por Washington com a desfaçatez amoral de um notário cúmplice.
O plano original, que só não foi ainda mais ignominioso graças à intervenção de várias capitais europeias, que suavizaram o escândalo, reivindicava conquistas russas, atribuía-lhe territórios que desde 2014 não conseguiu capturar, e colocava a Ucrânia num regime de suserania pós-moderna: sem direito a fazer escolhas soberanas como aderir à NATO, com forças armadas exíguas e mísseis de alcance simbólico. Reabilitava a Rússia na economia global, como prémio pela agressão, e alargava a capacidade de Moscovo para ameaçar todo o Rimland europeu que é, afinal o seu verdadeiro objectivo geopolítico (O que quer mesmo a Rússia).
Resumindo: a Ucrânia capitulava, desarmava, amputava-se, entregava soberania e território; a NATO submetia-se; e a Rússia regressava ao convívio das nações civilizadas como se só tivesse estacionado inadvertidamente blindados em cima de fronteiras alheias.
Para dar verniz ao absurdo, oferecia-se um pacto de não agressão entre Rússia, Ucrânia e Europa. Um pacto onde a Europa se comprometeria a não fazer o que nunca fez nem quer fazer, e Moscovo a não fazer o que sempre fez. O tipo de acordo em que a impala promete não morder a hiena, e esta promete, entre duas risadas, não a devorar enquanto não lhe apetecer.
O problema é que, tirando os “negociadores” americanos, todos sabem que as promessas da Rússia têm a solidez moral de um discurso publicitário. Há décadas que o seu valor foi medido, testado e reduzido a zero.
Alguns exemplos, só de Vladimir Putin, deixando para trás as dezenas de tratados, acordos e memorandos violados pela URSS e Rússia nos últimos 100 anos:
A lista é uma crónica da mentira como ferramenta de Estado. E países como a Polónia e os Bálticos não precisam de ser lembrados do........